Em uma pesquisa feita em 2004 e divulgada no jornal da APCD, os convênios odontológicos foram apontados como o segundo maior problema da odontologia, com 21,23% (atrás apenas dos impostos e taxas, com 23,58%). Na nossa prática diária com dentistas de todo o país, esta realmente é uma reclamação bastante recorrente. Mas ela faz sentido? O que são esses convênios e por que há tanta reclamação? Vale a pena começar a atender por algum deles?
Calma, vamos começar do básico. Na dissertação de mestrado “Convênios e cooperativas odontológicas na região metropolitana de São Paulo: Uma análise operacional“, Luiz Schiavolin Neto faz um pequeno panorama da história dos planos de saúde no país. Segundo o estudo, os primeiros planos datam do começo da década de 60, quando as empresas do ABC paulista começaram a crescer e desejaram oferecer assistência para seus funcionários.
Foram quase 40 anos sem uma regulamentação até que, no ano 1999, surgiu a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Desde então ela vem trabalhando para regulamentar os planos de saúde em geral, tanto médicos quanto odontológicos.
Ou seja, desde sua criação os planos de saúde surgiram como uma forma de se baratear o custo da assistência de saúde para um grupo grande de pessoas. Aliás, aqui cabe uma distinção. Planos de saúde são aqueles que contemplam os trabalhos médicos e dentais. Já os planos odontológicos afetam apenas o trabalho dos cirurgiões-dentistas, então fique atento na hora de pesquisar por eles.
Antes de analisar se vale a pena ou não atender convênios, porém, precisamos olhar um pouco o lado do paciente. Se os tratamentos odontológicos dele não estiverem em dia, talvez compense pagar por um plano odontológico, já que o valor com certeza será menor do que o pago de forma particular. Mas antes de contratar um plano é preciso ficar atento a quais tipos de procedimentos são cobertos por ele. Não adianta nada pagar R$15,00 por mês se você ele não dá direito a tratamentos básicos, por exemplo.
Agora sim podemos voltar para o dentista, que é a pessoa mais afetada pelas práticas dos planos. Primeiro, é bom deixar claro que não há uma resposta definitiva para a pergunta “Vale a pena?”. Não cabe à gente decidir se você vai ou não atender convênios, o que vamos fazer é apenas apresentar os argumentos pró e contra esse tipo de prática.
Vantagens
Indo primeiro para os pontos positivos, o principal deles é que os convênios ajudam a aumentar de forma rápida o número de pacientes do consultório. Isso é ótimo para profissionais que estão chegando no mercado agora, pois ainda não têm um público fidelizado e conseguem construir seu nome.
Além disso, também é possível gerar mais renda a partir de procedimentos que o plano não cobre e que precisam ser feitos, ou até mesmo de indicações para pacientes particulares. Em um artigo do site “Odonto close up”, Mariza Costa, responsável pela Amil Dental, afirmou que “quando o dentista coloca um cliente conveniado dentro do consultório, este pode indicar até seis outros não conveniados”.
A vantagem é até mesmo para aqueles que atendem de forma particular, pois podem encaixar esse tipo de paciente nos horários livres.
Desvantagens
A maior desvantagem é com relação aos valores pagos por procedimento. Em 2012, por exemplo, o CRO precisou lutar contra a formação da Rede Unna. Nesse caso, a Odontoprev se unificou com diversos outros convênios e diminuiu em 60% os valores pagos. Histórias de valores irrisórios não são raras e isso é um fator que pode te ajudar a decidir por não entrar em um convênio.
Também existe a questão da burocracia. No estudo feito por Schiavolin, 50% dos convênios exigiam uma perícia antes do paciente começar um tratamento. Isso sem falar em toda a documentação específica que precisa ser enviada para que o tratamento seja pago, o que acontece apenas em uma data posterior à da realização do procedimento (em média 30 dias depois).
Exemplos
Para ilustrar esses pontos melhor, há um post no blog Vida de Dentista que traz um caso interessante. Lá ele conta como, para ele, não é interessante assumir atendimentos de convênios e dá os seus motivos, que envolvem valores, burocracia e falta de conveniados na cidade que ele atende.
No blog Odonto Divas há um exemplo contrário, em que ela atende em uma cidade pequena e com um polo industrial forte. Ela não trabalha diretamente com convênios, mas faz parte de uma cooperativa que atende planos de saúde.
São dois exemplos interessantes e que mostram que atender ou não um convênio depende da sua situação. Entenda bem como você está no momento e estude bastante. Os sites dos Conselhos Regionais costumam ter informações sobre convênios, então pesquise bastante caso queira entrar em algum deles. Entenda também como funcionam as cooperativas, que não são o tema desse post e podem ser adequadas para o seu caso.
2 comentários sobre “Vantagens e desvantagens de se atender convênios odontológicos”
Discordo com a representante da Amil, acredito que ela esteja bem desatualizada, e que essa indicação de 6 pacientes não existe mais, atendi convênios por 22 anos e sei bem o que estou falando, Quando um paciente do plano comparece no seu consultório com algum acompanhante ou recomenda o dentista para amigos etc… que não tem convenio, ao invés desses pacientes se tornar particular, eles correm pra fazer o plano …ou seja é o convenio que ganha clientes e não o Dentista que ganha paciente, a realidade atual é bem diferente. Portanto essa informação faz parte do passado…
Concordo totalmente com a representante da Amil, porque eu já fui desse tipo de cliente por indicação, ja cheguei a pagar tratamento todo particular por uma indicação de uma amiga, que tinha plano, e dizia que a dentista dela era muito dedicada. Existe sim essas portas abertas para cliente, eu pelo menos indico e falo para todo mundo quando fui bem tratada ou mau tratada por um dentista, se me machuca ou se é delicado. E com certeza tenho o poder de levar multidões ou tirar multidões de clientes dele (a).